terça-feira, novembro 25, 2008

Ui, voltei

Bom, deixa eu contar logo os íltimos acontecimentos...
  • minha irmã mais nova está grávida de 7 meses (ela estava escondendo a gravidez!) Estou muuuito feliz que vou ser titia... parece que é menina, Maria Antonia;
  • estou em Semana de Comunicação na Universidade, e vou apresentar dois artigos científicos: um sobre antropologia e cultura contemporânea e outro sobre inclusão sociodigital do Candomblé (o último se for aceito será o tema de minha monografia... vou visitar terreiros em quatro cidades, inclusive Salvador, claro! Axé!)
  • vou apresentar o artigo sobre o Candomblé no Encontro Baiano de estudantes de Letras e pretendo apresenta-lo também na Bienal da une em Salvador! Ufa, tanto trabalho tem que render!
  • hummm... puxa não sei mais o quê... ah, estou de mudança neste fim de semana.
  • estou mooorta de cansada... nnão durmo direito nem sei quanto tempo faz...

Bom, acho que é só! Ah, li cada texto sobre cibercultura... muito interessantes! a semana de comunicação também está sendo ótima1 ah, sou monitora de um mini-curso: Comunicação virtual e ciberativismo, demais!

Pretendo dar um ar mais "cult" ao meu blog, vou mais caprichar nos posts, mas só nas férias... Mas o artigo sobre antropologia e cultura contemporânea vou postar já!

Aí vai...

Antropologia e cultura contemporânea: uma abordagem discursiva acerca do imperativo tecnológico e suas implicações [1]

Camilla Ramos dos SANTOS [2]
Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Ba



RESUMO

Através de uma revisão bibliográfica este trabalho pretende ensejar uma discussão sob uma perspectiva crítica e culturalista acerca das transformações que ocorrem no modo de ser e estar no mundo na era digital. Com apoio nas Teorias da Comunicação, estudos em Tecnologia & Informação, Economia e Cultura Contemporânea, serão estudados o imperativo tecnológico, a esperança de transcendência depositada nas novas tecnologias e as políticas de inclusão social adotadas no contexto da cibercultura. As novas tecnologias atuam na construção do imaginário contemporâneo, figuram como estruturante central da cultura e produzem efeitos que repercutem no cotidiano do homem pós-moderno. Na contemporaneidade, a capacidade do homem em interagir com as novas tecnologias é um pressuposto para a sua informação, comunicação, para a execução de determinadas atividades laborativas, para o seu conforto e inclusão na sociedade, consagrando-se assim o devir ciborgue. O pós-humano cumpre um rito de passagem migrando do espaço real para o espaço virtual, do espaço físico para o ciberespaço. Neste espaço é realizada uma nova forma de sociabilidade que prescinde a presença física, resultado da interação entre o homem e o computador, onde ambos são agentes dotados de alteridade. O ciberespaço atualmente pode ser definido como um organismo híbrido, formado por um conjunto de cérebros humanos associados a redes de computadores conectadas por modens e fibras óticas. A cibercultura se caracteriza pela busca da desterritorialização do espaço, a instantaneidade dos fatos, além da transposição das fronteiras entre o real e o virtual, entre o homem e a máquina. Partindo destas premissas, este artigo busca apontar caminhos para a reflexão sobre as transformações socioculturais que ocorrem diante de uma ideologia que beira o totalitarismo onde as tecnologias são pressupostos de poder, cidadania e felicidade.

PALAVRAS-CHAVE: Cibercultura; Imperativo Tecnológico; e Inclusão Social.



Introdução

Desde a Modernidade quando é instituída a tecnocultura, a técnica passa a ser entendida como razão científica. O pensamento tecnológico coloca em xeque o antropocentrismo e a sua forma mais avançada, a cibernética, baseia-se em estudos que estabelecem que certas funções de controle e de processamento de informações são equivalentes entre máquinas e seres humanos.
Da convergência entre a cibernética e a telemática, a cibercultura cria relações inusitadas entre as tecnologias da informação, a comunicação e o homem pós-moderno. Engendrando uma nova realidade, o imperativo tecnológico contemporâneo estabelece certas condições que contradizem a prerrogativa da tecnoutopia, onde o avanço tecnológico é visto como um caminho para a possibilidade de acabar com todas as contradições do mundo, sejam elas de ordem social, política, econômica ou natural. No ciberespaço todos são emissores e receptores de informações na forma de sons, imagens ou textos de qualquer parte do planeta. Neste novo espaço onde são permitidas novas experiências sensoriais numa conexão generalizada, o controle sobre os fluxos de informação se apóia e se organiza através dos últimos avanços das tecnologias da comunicação e informação. Modificada a estrutura do imaginário contemporâneo, transformada a estrutura interior e material do ser humano na sua interface com sistemas artificiais, e na possibilidade de se criar sistemas autônomos que possam substituir o homem, surge a idéia de que um novo mundo pode ser construído. O pensamento cibernético defende a superação da condição puramente humana, colocando a artificialidade do mundo como forma de sobrevivência. Nesta perspectiva, a tecnologia toma para si a faculdade de libertar o homem de suas limitações, embora ainda não seja prevista a democratização efetiva dos benefícios da era digital.
Para realizar este estudo foi escolhido o tipo de pesquisa teórica, através da consulta a livros, artigos e dissertações, com apoio nas Teorias da Comunicação e estudos em Tecnologia & Informação, Economia, e Cultura Contemporânea. A idéia de produzir uma pesquisa sobre o imperativo tecnológico e a tendência pós-orgânica da cultura contemporânea surge de uma preocupação com os rumos adversos que o imperativo tecnológico impõe ao futuro do ser humano.
Através de uma revisão de literatura pretende-se analisar e discutir sob uma perspectiva crítica e culturalista a construção do imaginário através das tecnologias digitais, o pós-orgânico e a sociedade que se forma no contexto da cibercultura.
Partimos do pressuposto de que a produção tecnocientífica contemporânea persegue a artificialidade como forma de aprimoramento do homem e das suas relações sociais, e que na cibercultura a comunicação e a inclusão social dependem da interface entre o homem e a máquina.
Esta pesquisa é de relevância para estudos em Sociologia, Comunicação Social, Tecnologia & Informação, Economia, Antropologia e Cultura Contemporânea.


O imperativo tecnológico

Neste contexto histórico, a comunicação se utiliza ao máximo de tecnologias que possam permitir e assegurar o seu movimento. O “imperativo tecnológico” se refere à participação das novas tecnologias na construção da realidade contemporânea e na difusão das fantasias do imaginário, servindo de referência na produção e retransmissão da comunicação (SFEZ, 1994, p. 12).
Para Habermas (1994, pp. 46-47), a razão técnica chega a ser uma ideologia, uma dominação metódica, científica, calculada e calculante sobre a natureza e o homem. foi instituída. “A técnica é um projeto histórico social onde os interesses dominantes de uma sociedade são projetados de modo que seja decidido o destino do homem e das coisas”.
As “tecnologias do imaginário” induzem as representações culturais que imaginam o pensamento tecnológico. O computador e as demais tecnologias da comunicação e informação criam um conjunto de representações que correspondem ao “imaginário tecnológico”. Ele encontra fundamento na tecnoutopia de que através da ciência é possível transcender a condição de ser humano. Na contemporaneidade há uma espécie de enlace entre a ciência e o mítico, e nesta perspectiva a ciência é a redentora de toda a humanidade. (FELINTO, 2005, pp. 92-93),
A razão científica surge em oposição às técnicas da magia e do mítico, encarando o mito e a imaginação como produtos da irracionalidade. Os impulsos tecnológicos contemporâneos crêem na onipotência da tecnociência, instaurando práticas bem próximas de uma cultura espiritual (SFEZ, 1994, p. 245). Na era digital, o imaginário mítico aproxima a gnose, a técnica e a cibercultura. Cientistas e scholars em obras que vão da crítica literária à física, passando pela filosofia e pela biologia, sugerem uma nova forma de “religião universal”, expressando um desejo de divinação do ente que se forma nas relações ciberespaciais. O ideal da comunicação total envolve a mobilidade, a instantaneidade e a intimidade. A comunicação é prejudicada pela hipermediação da realidade que se baseia no excesso de emissões de informação. A consciência coletiva reinvidica o pós-humano, a transcendência (FELINTO, 2006, p. 03), e a repetição da realidade mediada gera a ilusão de que a ficção é expressão pura de realidade. No fluxo de informação das redes nem todas as mensagens transmitem conteúdo significante, por isso nem sempre encontram receptores para o seu discurso. Apesar de sua racionalidade, a tecnologia possui as mesmas as raízes que o mágico e o mítico, pois ambos prometem desvendar o mundo através de seu domínio (FELINTO, 2005, p. 41).
Podendo circular em meio ao multiculturalismo e a mundialização da cultura, o homem contemporâneo apresenta identidades alternativas e superficiais formadas por meio de um processo chamado de “fractalização”. O “sujeito fractal” possui múltiplas personalidades, transitórias, oscilantes, e sem transcendência alguma. (BAUDRILLARD, 1987 apud Coletivo NTC, 1996, pp. 45-46).
Dois movimentos de escala planetária em resistência à globalização hegemônica formam novas forças sociais e políticas baseadas no multiculturalismo: o cosmopolitismo, organização de Estados-nação, regiões, classes ou grupos sociais vitimizados pelas trocas desiguais do sistema capitalista neoliberal; e o Patrimônio Comum da Humanidade, conjunto das lutas pela sobrevivência digna da humanidade, como as que defendem o meio-ambiente (SOUZA SANTOS, 2002 apud SILVEIRA, 2005, p. 10).

A tendência pós-orgânica da cibercultura

A cibercultura baseia-se no pensamento cibernético, concebendo o ser humano como um arranjo de informações genéticas. A visão orgânica e não tecnológica do homem que provém da Antiguidade Clássica, do Renascimento e do Iluminismo, é ultrapassada na tecnocultura contemporânea, diante da conexão direta do ser humano com as suas expressões tecnológicas (RUDIGER, 2004, pp. 71-72).
Desde a Modernidade, devido aos contrastes mecânicos que existem entre as sensações, o corpo humano é identificado como uma espécie de máquina. Surge um pensamento de que o mundo pode vir a se tornar totalmente artificial (Ibidem, pp. 49-50). Na cibercultura este mundo será reduzido em bits com apoio nas teorias cibernéticas de Wiener que explica esta ciência como:
[...] um campo mais vasto que inclui não apenas o estudo da linguagem, mas também o estudo das mensagens como meio de dirigir a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de computadores e outros autômatos [...], certas reflexões acerca da psicologia e do sistema nervoso, e uma nova teoria conjectural do método científico. (WIENER, 1984 apud KIM, 2004, p. 02).
A inteligência artificial, concebida nos primórdios da cibernética “estrutura-se em sistemas complexos dotados de memórias similares à dos humanos.” (Coletivo NTC, 1996, p. 260). Neste projeto trabalham cientistas de áreas de conhecimento como a lingüística, a psicologia, a filosofia e a ciência da computação. A intenção é criar máquinas autônomas (TEIXEIRA, 1990, p. 10).
A interface que se estabelece entre os usuários de computador e a máquina é definida por Sfez (1994, p. 246) como “tecnologia do self”, no qual nasce um segundo eu/self que constrói a sua identidade a partir da máquina.
De modo geral, na interface entre o homem e a máquina:

"O corpo sai de cena, então, para dar lugar a fantasias que prometem por um lado, uma expansão infinita de poderes da consciência e, por outro lado, a possibilidade de (re) construir os próprios padrões de consciência na forma de identidades alternativas (FELINTO, 2005, p.65)".

De acordo com Donna Haraway, pesquisadora feminista norte-americana cujo manifesto de cunho pós-modernista publicado nos anos 60 insere o termo ciborgue no campo das ciências humanas, nos dias de hoje somos todos ciborgues, uma vez que a vida contemporânea se baseia numa estreita relação entre as pessoas e a tecnologia, impossível distinguir onde começa um e termina o outro (SILVA, 2000 apud OLIVEIRA; PIZZI; GONÇAL, 2004).
O ciborgue não se confunde com a figura do robô, do andróide e nem se trata de uma espécie de inteligência artificial. O robô é constituído somente por partes mecânicas, sintéticas e não-orgânicas. O andróide, embora possua a mesma aparência de um ser humano, é puramente uma máquina assim como o robô, pois não possui em sua constituição qualquer tipo de tecido humano (PETRY, 2007).
O pós-humano é na verdade uma espécie híbrida, um ente provido de elementos artificiais que lhe conferem possibilidades, propriedades e qualidades maquínicas ou informáticas que se sobrepõem ao sentido original de ser humano. O que o diferencia dos robôs, andróides e sistemas de inteligência artificial é o fato de que obrigatoriamente possui externamente ou internamente tecido humano (PETRY, 2007).
Este ser pós-orgânico pode ser classificado como protético, interpretativo ou netciborgue. Os ciborgues protéticos são os indivíduos cujo funcionamento fisiológico depende de aparelhos eletrônicos ou mecânicos. Os interpretativos se constituem pela influência dos mass media ao serem coagidos pelo poder das tecnologias do imaginário como a televisão ou o cinema. Já os netciborgues, equivalem aos ciborgues interpretativos das redes de computadores, aqueles que navegam no ciberespaço (LEMOS, 1997, pp. 13-16).
Para Lemos (2004, pp. 164-165), o devir ciborgue está no fato de que a artificialidade está presente desde a primeira formação do homem e sociedades primitivas. Pode ser colocada como estrutura da própria humanidade, “pois o homem primitivo que de uma pedra faz uma arma e um instrumento é o antigo ancestral dos ciborgues”.
Conforme Hamit (1993), a literatura ciberpunk descreve um tipo de interface direta de um sistema artificial com o sistema nervoso humano, sendo estabelecida o que é definida como “conexão neuronal”. Este ciborgue crê na possibilidade de reprogramar a sua consciência através do uso de estimulantes, hormônios, e alucinógenos, além de conectar a sua mente a uma realidade virtual.

"As drogas, especialmente (e talvez exclusivamente) o LSD, a maconha, as anfetaminas e a cafeína fazem parte da subcultura hacker. Elas são consideradas essenciais para a operação e a flexibilidade da mente como um ‘programador chefe’ (HAMIT, 1993, pp. 245)".


O ciberpunk é tipicamente pós-moderno, híbrido, presente tanto da literatura quanto nas teorias advindas das ciências sociais. Representa um imaginário no qual a tecnologia é tão ou mais importante que a existência humana, um meio de descentralização de poder, uma forma de democratização política e um instrumento para a realização de uma realidade superior. Versão ciborgue dos hippies, as suas imagens são ao mesmo tempo produtos e produtoras desse contexto tecnológico, reivindicando um futuro no qual a interação entre seres humanos e máquinas é indissociável. (Ibid., p. 251)
Atualmente a sociabilidade se estrutura no espetáculo, na tecnologia, e no espectador através de três modelos: o modelo da comunhão, onde a sociabilidade consiste na dependência do indivíduo em relação ao grupo; o modelo da comunidade, onde a autonomia do indivíduo é relativa; e o modelo da sociedade, onde o indivíduo teria maior autonomia, sobretudo nos espaços regidos pelo anonimato, como o ciberespaço. (RODRIGUES 1990 apud Coletivo NTC, 1996, p. 91). A socialização mediada pelas tecnologias do imaginário ocorre de forma representada e abstrata, no qual o indivíduo é mero espectador do espetáculo. Quando o indivíduo participa diretamente, ou seja, está contaminado pela co-participação de outros e pela relação direta com o evento, a sua socialização baseada na expressão é definida como socialidade. A sociedade contemporânea não apresenta formas fixas de socialização, mescla sociabilidade mediada e socialidade direta, como quando uma representação é acreditada tal a pura expressão. Na pós-modernidade a sociabilidade está para a representação assim como a socialidade está para a expressão (Coletivo NTC, 1996, p. 73).
A articulação de corporações isoladas, grupos, tribos e outras modalidades de fragmentos sociais nas redes comunicacionais para que a própria sociedade sobreviva são reflexos do desenvolvimento científico e tecnológico. Este fenômeno é definido como uma “simulação mais acabada do social”. Vinculadas às redes comunicacionais surgem as massas mediáticas, e nesta interface entre as redes e as massas o social é reconfigurado, pensado somente como adjetivo (ação social, relação social) ou como raiz de derivações (sociabilidade, socialização) e não como um todo orgânico e funcional (Ibid., p. 89).
O ciberespaço, onde se dá a sociabilidade on-line, é um espaço imaterial tecnologicamente construído na camada eletromagnética do planeta e se pressupõe por computadores conectados por modens e fibras óticas, um espaço-velocidade que não pode ser comprovado empiricamente, embora seja real. O simulacro imagético, textual ou vocal é definido como um ”vestígio” do outro, espectro efeito de suas manifestações interativas na tela do computador. O destinatário dos investimentos humanos se apresenta fragmentado na sociabilidade ciberespacial, pois a relação de troca envolve ao mesmo tempo o indivíduo que interage, a máquina e o outro na rede. Nesta nova forma de sociabilidade a presença física não é decisiva. O indivíduo que interage acumula as funções de espectador, receptor, emissor e agente (Ibid., p. 101).
A partir de instruções traduzidas para linguagem de comando são acionadas leituras e interpretações programadas para que a ação correspondente aconteça envolvendo a presença de uma alteridade artificial e de uma alteridade humana “informaticamente determinada”. A imaterialidade da sociabilidade ciberespacial não se dá pelo contato com a máquina, que é ao invés marcadamente físico e material, mas em virtude dos processos internos ao sistema maquínico. Não existe contato físico entre o homem e o sistema de processamento do computador ao serem enviados os comandos que via teclado e mouse serão decodificados e representados no monitor numa interação em tempo real no espaço virtual. Ocorre frequentemente nessa sociabilidade a vivência de uma fusão imaginária do psiquismo com a alteridade computacional. A situação interativa que se instaura leva a máquina a não ser encarada pelo homem como um objeto exterior, uma vez que o próprio homem não se encara como ente fora do campo da máquina. Esta situação passa ser uma condição para a manifestação do ente no mundo (Ibid., pp. 99-100).
A comunicação aproxima-se cada vez mais de tipos de comunicação não-verbais, e se insere em uma nova “lógica estetizante” em razão das inúmeras visões de mundo e manifestações através da multiplicação dos media e das tecnologias digitais. A sujeição da linguagem à racionalidade técnica é considerada uma forma de controle e instaura uma nova divisão social, e aquilo que não é veiculado pelos meios de comunicação perde credibilidade e interesse (Ibid., p. 56).
Para Lemos (1996), se conectar ao ciberespaço significa um rito de passagem da modernidade para a pós-modernidade, a passagem do individualismo ao tribalismo digital com participação do fluxo de informações do mundo contemporâneo, obrigatório para os novos cidadãos da cibercultura. De Rosnay (1995) citado por Lemos (1996) explica o espaço virtual como uma entidade “quase biológica” denominada “cybionte”, um “organismo planetário único”, formado pelo conjunto de cérebros humanos conectados em rede aos computadores. Reflexo de uma tendência pós-orgânica da civilização contemporânea, o ciberespaço é a representação de um espaço mágico expandindo-se como uma espécie de “Inteligência Coletiva” (LÉVY, 1995 apud LEMOS, 1996).
As formas de construção autônoma de significado, identidade e resistência social e política migram para o ciberespaço. Nas cibercidades, ou cidades-ciborgue, surgem serviços de consumo baseados na informação e no conhecimento (LEMOS, 2001, p. 04). Evidenciam-se interações complementares entre a cidade física e a eletrônica. O espaço real não é desmaterializado ou substituído, ele apenas agrega o espaço virtual.


Inclusão social

No atual sistema capitalista, as riquezas estão atreladas à produção e consumo de produtos de última tecnologia, aumentando os abismos sociais. As medidas de universalização do acesso e o uso intensivo das tecnologias da informação devem ser adotadas em conjunto com políticas que visem a inclusão digital no combate da globalização hegemônica, no qual somente uma parcela da sociedade pode adquirir as novas tecnologias na forma de bens, e monopólios informacionais são consolidados ampliando as desigualdades socioeconômicas. A exclusão digital decorre da exclusão social e as políticas públicas para democratizar a informação, o conhecimento, e a comunicação devem envolver Estado, as comunidades locais, os movimentos sociais e organizações não-governamentais, “pensar globalmente para agir localmente”. A luta pela inclusão digital pode ser uma luta contra a globalização hegemônica, se resultar na inserção dos grupos socialmente excluídos da sociedade informacional e na sua alfabetização social. Caso contrário, o localismo globalizado de países ricos e o domínio oligopolista dos grandes grupos transnacionais serão ampliados (SILVEIRA, 2005, pp. 11-14).

"[...] a Internet é uma infovia de mão dupla [...] a falta de acesso alija o cidadão pobre dos circuitos econômicos dominantes, e mais: retira-lhe a possibilidade de incluir na rede o padrão cultural da sua realidade local. Portanto, incluir digitalmente é facilitar o acesso dos excluídos ao novo modo de produção e estilo de desenvolvimento social e cultural. Para isso, não basta fornecer o acesso às tecnologias da informação, mediante o uso de computadores e a alfabetização digital. É muito mais importante trabalhar com o fortalecimento da sociedade local visando propiciar as condições para uma apropriação cidadã dos conteúdos disponíveis na rede e para difusão dos saberes e fazeres comunitários. Sendo assim, a opção mais adequada para a inclusão de cidadãos pobres em países periféricos e semiperiféricos é o acesso coletivo às tecnologias da informação e da comunicação, por meio de telecentros comunitários coordenados por entidades representativas da sociedade civil local (SANTOS, 2003, p.03)".

De acordo com Silveira (2005, p. 05), o controle sobre os fluxos de informação se apóia e se organiza através dos mais modernos meios de comunicação que se encontram mal distribuídos entre a sociedade. Nesta perspectiva, a tecnologia toma para si a faculdade de emancipar o homem, embora ainda não seja prevista a democratização efetiva dos benefícios da revolução digital. As medidas de universalização do acesso e o uso intensivo das tecnologias da informação devem ser adotadas em conjunto com políticas que visem a inclusão digital para o combate da globalização hegemônica, onde uma parcela da sociedade detém a possibilidade de adquirir as novas tecnologias na forma de bens, e monopólios informacionais são consolidados ampliando as desigualdades socioeconômicas. A exclusão digital decorre da exclusão social e as políticas públicas para democratizar a informação, o conhecimento, e a comunicação devem envolver Estado, as comunidades locais, os movimentos sociais e organizações não-governamentais, onde sejam respeitadas as diversidades culturais (SILVEIRA, 2005, pp. 11-14).
Defendido por ciberpunks, o movimento do software livre é uma prática contra a globalização hegemônica, possibilita o acesso não só aos programas, mas também aos códigos em que foram inscritos. Ganha espaço como um sistema operacional completo e multifuncional para democratizar a inovações das tecnológicas. Expressa o potencial da rede e serve de modelo para a consolidação de soluções compartilhadas das questões complexas numa interação multicultural generalizada, a construção de uma comunidade transnacional. (RIBEIRO, 200 apud SILVEIRA, 2005, p. 19). Usado nos programas de inclusão digital movimenta a economia em razão de não ser cobrada licença de propriedade. Os recursos economizados podem ser investidos na formação, no treinamento e na educação digital para o fortalecimento das inteligências coletivas localizadas. Para o desenvolvimento global e sustentável o controle dos padrões, linguagens e protocolos de conexão devem ser públicos e econômicos (Ibid, p. 21 e 25).


Considerações finais:

A sociedade pós-moderna se conecta a matéria inorgânica experimentando a complexidade e a contradição de não possuir identidade fixa. A produção e a representação da cultura hipermediada na sociedade on-line pelas tecnologias digitais modifica as percepções e cria uma ideologia de tecnodependência. O pós-humano é resultado de uma revolução cognitiva e biológica que vincula a artificialidade ao modo de ser e estar no mundo, pelo desejo de transcender as referências econômicas, sociais, culturais, espaciais, temporais, corpóreas, subjetivas, e outras que separem a “criatura” do divino.
A alteridade humana “informaticamente determinada” navega no fluxo caótico de informações através de uma interface. A sua alfabetização digital lhe proporcionará o discernimento entre a revelação e o excesso. As preocupações vão além de garantir a todos o consumo dos novos produtos. Os usuários devem estar familiarizados com as potências das máquinas. Não cabe ao mercado conduzir o homem à sua emancipação, a articulação deve partir da sociedade começando pelas comunidades locais que devem preservar a sua diversidade, interagir, compartilhar, se localizar e se globalizar.


Referências:

FELINTO, Erick. A religião das máquinas: ensaio sobre o imaginário da cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2005.

__________________. A tecnoreligião e o sujeito pneumático no imaginário da cibercultura. ALCEU, v.6, n.12, jan. - jun. 2006, p. 115 a 125. Disponível em:<http://publique.rdc.puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n12_Felinto.pdf>. Acesso em 20 out. 2008.

HABERMAS, Jurgen. [1968] Técnica e Ciência como ideologia. Lisboa: Edições 70, 1994

HAMIT, Francis. Realidade virtual e a exploração do espaço cibernético. Tradução Ana Paula Baltazar. Rio de Janeiro: Berkley, 1993. Título original: Virtual Reality and the Exploration of Cyberespace.

KIM, Joon Ho. Cibernética, ciborgues e ciberespaço: notas sobre as origens a cibernética e sua reinvenção cultural. Net. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre: vol.1, no. 21, jan. – jun. 2004. Disponível em: . Acesso em 20 set. 2008.

LEMOS, André. Bodynet e netcyborgs: sociabilidade e novas tecnologias na cultura comtemporânea. Net. Usinos, 1997. Disponível em: <http://66.102.1.104/scholar?hl=pt-BR&lr=&q=cache:Yzm_s702TIQJ:www.comunica.unisinos.br/tics/textos/1997/1997_al.pdf+cyborg+prot%C3%A9tico+e+interpretativo>. Acesso em 13 de out. 2008.

______________________. Estruturas Antropológicas do Ciberespaço. In: Textos de Cultura e Comunicação, n. 35, Facom/UFBA, Julho 1996. Disponível em < http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/estrcy1.html >. Acesso em 19 out. 2008.

_____________________. Cidade-Ciborgue. A Cidade Na Cibercultura. Salvador: 2001. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/cidadeciborgue.pdf> Acesso em 05 out. 2008.

____________________. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina. 2ª ed. 2004.

OLIVEIRA; PIZZI & GONÇAL. Ciborgue: humano e comunicação. Net. São Paulo: Revista Ghrebh, n. 06, nov. 2004. Disponível em: <http://www.revista.cisc.org.br/ghrebh6/artigos/06fatima.htm>. Acesso em 20 set. 2008.


PETRY, Luís Carlos. O ciborgue e a arte da hipermídia. In: 16° ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES DE ARTES PLÁSTICAS DINÂMICAS EPISTEMOLÓGICAS EM ARTES VISUAIS. Florianópolis: set. de 2007. Disponível em: , Acesso em 20 set. 2008.

RUDIGER, Francisco Ricardo. Introdução ás teorias da Cibercultura: perspectiva do pensamento tecnológico contemporâneo. Porto alegre: Sulina, 2ª ed. 2007.

SANTOS, Adroaldo Quintela. Inclusão digital e desenvolvimento local no Brasil. In: VIII CONGRESO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE LA REFORMA DEL ESTADO Y DE LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, out. 2003. Panamá: Disponível em: <http://www.clad.org.ve/fulltext/0047817.pdf>. Acesso em 05 nov. 2008.

SILVEIRA, Sergio Amadeu da. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. In: Seminários Temáticos para a 3ª Conferência Nacional de C, T & I. Revista IBCT, Parcerias Estratégicas, nº. 20, jun. 2005. p. 01-26. Disponível em <http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/view/7/13
http://64.233.179.104/scholar?hl=pt-BR&lr=&q=cache:5RVFTk_7sBgJ:reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/handle/1904/17042++antropologia+cibercultura>. Acesso em 20 out. 2008.

SFEZ, Lucien. Crítica da Comunicação. Tradução: Maria Stela Gonçalves e Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Edições Loyola, 1994. Título original: Critique a la communication.

TEIXEIRA, João de Fernandes. O que é inteligência artificial. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1990.


[1] Trabalho apresentado para Mesa de Iniciação Científica da VI Semana de Comunicação da Universidade Estadual de Santa Cruz, Comunicação e Pós-modernidade.
[2] Estudante de Graduação. 7° Semestre do Curso de Comunicação Social – Rádio e TV, da UESC-BA, e-mail: camilla_ramos81@hotmail.com.

Sugiro também leitura sobre "Ciberativismo"!

Bjuxxxxxx


quinta-feira, novembro 20, 2008

Consegui voltar!

Fui levada às alturas

Aos 12 anos de idade eu tive uma das experiências mais marcantes da minha vida! O meu primeiro beijo foi no dia 19 de dezembro de 1993, na roda-gigante de um parque de diversões. Literalmente, o cara me levou às alturas!
Eu não esperava que fosse acontecer naquele dia, mas eu já sonhava com isso. Estava em férias passeando com minhas primas numa fresca noite de domingo (não lembro a hora exata). Ele era bem mais velho, já tinha 19 anos. Foi um momento mágico e ganhei até algodão doce! Na verdade nossas famílias são amigas, nos conhecemos quando eu tinha uns 4 anos, tem até foto da gente brincando. Durante dois anos mantive um compromisso mesmo morando em São Paulo e ele na Bahia com encontros somente nas férias. Terminei com ele porquê sabia que ele ficava com outras. Isso não me magoou porquê eu sabia que seria impossível exigir fidelidade. Era super carinhoso e NUNCA forçou a barra. No começo a minha madrasta fez meu pai proibir o namoro e eu saia escondida para ficar com ele. Acabaram permitindo nosso namoro "na porta de casa".
Há anos não o vejo, sei que hoje ele é separado e cria um casal de filhos. Ainda me manda recados dizendo que nunca me esqueceu. Nem imagina que aquele foi o meu primeiro beijo... Fiquei com vergonha de dizer que nunca havia sido beijada!


Post para o Tudo de Blog


Hoje é o Dia da Consciência Negra!

Infelizmente os negros ainda sofrem muito preconceito! Somos fortes, nossa cultura é rica e a batucada espanta a tristeza! Com luta, chegaremos a um dia onde as diferenças sejam respeitadas, Oxalá!
Clareie as suas idéias!

Prometo que volto amanhã... essa foi só pra matar a saudade!

quarta-feira, novembro 05, 2008

Meu niver!

Hoje é meu aniversário (27 anos) e não poderia deixar de registrar no meu blog o quanto estou feliz! estou cheia de novidades, de coisas a agradecer a vida, aos amigos a Deus... Mas agora não posso me prolongar.
Volto até sexta, para postar paa o tudo de blog também!
Fui...