segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Por favor, me dá a chupeta!




"É nóis! Tamo aí na atividade"!




Atividade: resumo-crítico:

GRABURN, Nelson. Reconstruindo a tradição: turismo e modernidade na China e no Japão. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.23, nº 68, São Paulo, out. 2008.

SILVA, Rubem Alves da. Entre “artes” e “ciências”: a noção de performance e drama social no campo das ciências sociais. In: Revista Horizontes Antropológicos, v. 11, nº 24, Porto Alegre, jul/dez. 2005.

ARAÚJO, Silvana Miceli de. Artifício e autenticidade: o turismo como experiência antropológica. In: BANDUCCI Jr, Álvaro; BARRETO, Margarita (Orgs.). Turismo e Identidade Local: uma visão antropológica. Campinas: Papirus, 2001, pp. 49-63.

            O presente trabalho, através de um resumo-crítico, analisa os casos descritos por Nelson Graburn como exemplo para o turismo contemporâneo, considerando o fenômeno como experiência antropológica. Para tanto, partimos do pressuposto de que o turista e as encenações preparadas para o turismo, potencialmente, buscam a interação com determinada cultura/tradição, todavia, preparada conforme os interesses de uma atividade econômica. Planejadas com um produto a ser consumido como “original”, as performances culturais são ressignificadas/traduzidas como performances turístico-culturais representadas/reinventadas através de uma fachada que se distancia ou se aproxima da “realidade” a partir da natureza das políticas culturais envolvidas em seu planejamento.
            No texto “Reconstruindo a tradição: turismo e modernidade na China e no Japão”, Nelson Graburn ressalta a importância do continente asiático como uma das principais regiões de destino e origem do turismo internacional na contemporaneidade. O autor explica que apesar da existência do costume enraizado em países do Leste asiático em valorizar e visitar suas tradições de “alta cultura”, atualmente, a exótica e marginalizada cultura das minorias locais, assim como a cultura de países do ocidente, são peças-chave no turismo étnico e cultural desenvolvido na China e no Japão. Segundo Graburn, as massas urbanas destes países representam 95% dos turistas que circulam em busca de fantasias e novas experiências em aldeias e parques temáticos étnicos criados essencialmente para o turismo, em áreas rurais e urbanas, reproduzindo alegorias de lugares da cultura regional e estrangeira.
            Conforme o texto, percebemos que a finalidade e o conteúdo das políticas de desenvolvimento para o turismo aplicadas na China diferem daquelas aplicadas no Japão em determinados aspectos. Na China, o foco está nas regiões mais pobres, especificamente a oeste e sudoeste, onde a cultura de minorias étnicas é representada de maneira estereotipada para o turismo rural, sendo a população local incluída como atração turística na maioria dos casos. Graburn explica que o governo chinês tem como objetivo o desenvolvimento econômico das regiões que não fazem parte das rotas do turismo tradicional, além de atrair turistas estrangeiros e garantir prestígio internacional. Também na China, porém em áreas urbanas e próximas a grandes centros, são encontrados parques temáticos étnicos e folclóricos, locais onde são representadas através de performances turístico-culturais 56 minorias étnicas locais, assim como minorias étnicas estrangeiras. No Japão, de acordo com o texto, a diversidade étnica não tem sido valorizada pelo turismo como na China, embora em alguns casos o turismo tenha contribuído para o renascimento e revitalização de aldeias tradicionais. Aliando o fascínio pelo mundo ocidental a uma política de internacionalização, criou-se no Japão uma “tradição” em reproduzir a arquitetura de países e lugares distantes através de parques temáticos e aldeias estrangeiras. A preocupação em manter uma unidade nacional e coibir movimentos separatistas, apesar da diversidade étnica e regional, é visível em ambos os países.
            No texto “Entre ‘artes’ e ‘ciências’: a noção de performance e drama social no campo das ciências sociais”, Rubem Alves da Silva desenvolve uma reflexão teórica acerca de estudos antropológicos das formas expressivas, enfatizando a noção de performance, drama e ritual no campo das ciências sociais, através de um diálogo entre os principais autores da área: Victor Turner (1974; 1982; 1987), Victor Turner e Edward Bruner (1986), Clifford Geertz (1978; 2001), Erving Goffman (1982), Michael Taussig (1993), Richard Schechner (1985; 1988) e John Dawsey (1999), entre outros. Por meio de uma análise de conceitos teóricos acerca dos processos da vida social, o texto compreende o “drama social” como uma unidade desarmônica da realidade cotidiana, iniciado em situações de conflito/ruptura. Como um momento extraordinário, o “drama social” é seguido por fases caracterizadas como “antiestrutura”, entendidas como noções centrais do modelo ritual: a liminaridade, conceito associado a rituais de passagem no qual o indivíduo/grupo transita social e culturalmente por posições ambíguas de status em um espaço simbólico no qual a realidade é representada por metáfora/alegoria, resultando na experimentação de uma condição diversa da habitual; e a communitas, relação espontânea motivada por valores, crenças ou ideais coletivos entre indivíduos durante um “drama social/ritual”.
            Em sua análise, Silva enfatiza a teoria de que, enquanto ator social, cada indivíduo representa papéis em sua vida cotidiana através de comportamentos preestabelecidos no “palco” da vida em sociedade. Estes comportamentos são definidos como “performances culturais”. O autor relaciona a ideia de que através da experiência do drama/performance inscrevemos os códigos da nossa cultura, “teia de significados” que compreende uma realidade dinâmica, carregada de elipses e contradições.  A interação entre performer e espectadores é estabelecida através da afinidade do público com a representação, relação que revela os elementos contextuais do evento performático.  O evento envolve um “público integral” quando os espectadores compartilham dos valores e códigos representados, ou um “público acidental” quando a audiência é motivada simplesmente pela busca de diversão. Lembrando que nenhuma representação é puramente rito/ritual ou estético-teatral, o tipo de envolvimento da audiência poderá interpretar a performance/drama como um ou outro, o que sugere que a “platéia” participa do processo ritual definindo a “intensidade da performance”. 
            Durante o fenômeno, independentemente da interpretação da platéia, o performer e a audiência são “transportados” para o espaço simbólico ali criado momentaneamente, vivenciando uma experiência singular/liminar: tornam-se outros/”não-eles", sem deixar de ser  quem são usualmente, “não não eles”.  Quando este deslocamento implica em uma mudança permanente de status do ator social, enquanto performer ou espectador, ocorre o que conceitualmente é definido como “transformação”: uma reconfiguração identitária através do despertar de uma “consciência crítica” após a reflexão sugerida na  liminaridade da performance/drama. Através das performances culturais/dramas sociais, o ator social tem a possibilidade de modificar a sua posição na sociedade, o que é definido como “eficácia”. Quando a performance não repercute significativamente no cotidiano, conforme o texto, a sua natureza é voltada para o “entretenimento”.
            De acordo com as teorias analisadas por Silva, os diferentes tipos de performances são produtos de processos dinâmicos de nossa cultura. Reelaboradas ao longo do tempo, as performances pretendem reproduzir uma sequência comportamental baseada em um modelo que direciona a interpretação do performer. Este modelo reconstruído segue o que foi teorizado como ”comportamento restaurado”, uma atividade cultural que evoca a memória e está relacionado aos processos de socialização escolhidos pelo ator. A restauração de determinados eventos performáticos, motivada por interesses da indústria do turismo, tem engendrado um fenômeno definido como “invenção das tradições”, transformando performances culturais ainda praticadas e outras a serem “resgatadas” em atração turística.
             No texto “Artifício e autenticidade: o turismo como experiência antropológica”, Silvana Miceli de Araújo estabelece uma reflexão antropológica sobre o turismo, através de um diálogo entre Daniel Boorstin (1992) e Dean MacCannell (1976). Conforme Araújo, os argumentos dos dois autores se diferenciam quanto à análise do teor da experiência vivenciada durante a viagem, transformada através da indústria do turismo no que Boorstin classifica como ”pseudo-evento/realidade” e MacCannell como “autenticidade encenada”.
            Boorstin utiliza como imagem paradigmática de viajante aquele que busca através do deslocamento a ampliação de seus parâmetros históricos e sociais. O autor tece uma crítica quanto à “experiência de ir e estar lá” na contemporaneidade, classificando a experiência do turista como “diluída” ao ser engendrada artificialmente através de tecnologias. Nesta perspectiva, o turista, “mero espectador”’, é guiado por “fantasias e expectativas extravagantes”, vivenciando uma “metáfora da irrealidade” através de “pseudo-eventos/realidades”. Para Boorstin, os procedimentos que envolvem a prática turística transformam a “verdadeira experiência do estar lá” em uma experiência pré-fabricada, articulada antes mesmo do deslocamento através da aquisição do pacote turístico. As atrações turísticas são analisadas como uma invenção que diminui a “quantidade de experiência”, pois estão dissociadas do contexto de sua verdadeira origem em face da sobreposição da “realidade turística”. Conforme o autor, somente durante as suas compras o turista vai de encontro aos nativos. Esta seria a sua única oportunidade de adquirir uma lembrança individualizada em um contexto de usufruto globalizado.
            MacCannell elabora a ideia de “dialética da autenticidade”, ampliando analiticamente a questão da “irrealidade do mundo turístico”. Segundo o autor, os espaços turísticos produzem uma realidade comparada a uma “autenticidade encenada”, e o turista aprecia as atrações turísticas como algo “original” por estar motivado pela busca de “experiências autênticas”. MacCannell analisa o ambiente turístico como um lugar concebido através de uma linguagem que atende ao imaginário do homem contemporâneo, articulando valores em um “espaço de encenação” que funciona como um suporte para o encontro do outro. A aquisição de suvenires se expressa, metaforicamente, como um suporte “espúrio”/ilegítimo para possuir a autenticidade que se imagina estar presente na atração turística.
           
1.            Performance turístico-cultural: uma experiência antropológica da pós- modernidade
            Imerso em um contexto de liminaridade durante a sua viagem, o turista assume uma nova identidade social. O desempenho de sua performance irá depender de sua afinidade com a cultura/tradição visitada. Poderá atuar como “público integral” através de um envolvimento ritual; ou como “público-acidental”, quando busca apenas a sua diversão.  
            Na China, a aldeia mulçumana de Tuyuk é visitada por os turistas/peregrinos religiosos interessados nas mesquitas e sepulturas de profetas. Na paupérrima aldeia de Quingkou, o turismo ainda é raro por conta da dificuldade de acesso. Indicada como Herança Natural e Cultural da Unesco, Quingkou recebe “viajantes” e fotógrafos acusados pela população local de explorar a paisagem através da venda de imagens dos terraços de arroz ali cultivados. Em Guizhou, os turistas são incentivados a participar das performances encenadas pelos locais através da dança e da música, ou até mesmo socando arroz. Em sua maioria homens jovens e de meia idade que desejam diversão, os turistas também são incentivados a interagir cortejando as jovens locais. Nos parques temáticos étnicos e folclóricos de Kunming e Shenzen, os turistas são apenas espectadores das performances preparadas como atração turística.
            No Japão, nas aldeias de minorias étnicas de Hokkaido, os turistas são convidados a apreciar a cultura material, a dança, a música e a encenação de rituais seculares. Em “Rittoru Waradu”, parque temático de aldeias estrangeiras construído perto de Nagoya, os turistas, em sua maioria mulheres jovens, com ou sem filhos, podem circular vestindo trajes tradicionais de países europeus, desfrutando de uma experiência de “vida estrangeira”. Em “Huis ten Boch”, reconstrução de uma cidade holandesa próxima a Nagasaki, o turista, em sua maioria de meia idade e interessado na diversidade cultural, é convidado a apreciar a arte e a gastronomia holandesa, a conhecer sobre os laços históricos entre Japão e Holanda iniciados no século XVII, ou relembrar a experiência de já ter viajado à Europa. 
            Para as minorias étnicas que participam das performances turístico-culturais encenando seus costumes, a liminaridade se inicia no momento em que deixam de ocupar o status de marginalizados e passam a ganhar importância no cenário econômico de seus respectivos países.
            Na China, nas aldeias étnicas de Guizhou, as jovens locais recebem os turistas oferecendo-lhes vinho de arroz trajando versões estilizadas de suas vestes tradicionais. As mulheres mais velhas ficam responsáveis pela venda de tecidos e vestes, além de demonstrar as instalações das tecelagens e o processo de confecção. Os homens, em trajes mais simples, apresentam a sua música. Nos parques temáticos de Kunming e Shenzen, membros de minorias étnicas apresentam a dança e outros itens de sua cultura tradicional de forma estereotipada. Em Shenzen, jovens atores de pequenas comunidades chinesas também encenam a cultura de minorias étnicas estrangeiras. Em geral, os locais oferecem as tradições como alegoria, submetidos a uma política que inibe movimentos de resistência cultural e/ou afirmação identitária.
            Em Hokkaido, no Japão, a política existente não impede que a afirmação identitária nas aldeias turísticas da etnia ainu seja idealizada através dos impactos do turismo étnico, criando “espaços de transformação”, fundamentais para o renascimento de sua tradição e aprendizado cultural dos mais jovens. Nos parques temáticos e aldeias turísticas estrangeiras, pessoas de diversas nacionalidades da Europa são contratadas para representar aspectos positivos da cultura de seus respectivos países.

2.    A metáfora da irrealidade na autenticidade encenada em atrações turísticas
            As atrações turísticas viabilizam o contato com uma determinada cultura/tradição definindo um “comportamento restaurado” que deve atender a uma demanda por realização de fantasias. Desta forma, um comportamento autêntico de um determinado grupo tem o seu contexto modificado, encenado numa realidade que tem como objetivo principal a sua eficácia enquanto mercadoria.
            Podemos observar que, tanto na China como no Japão, o passado é evocado de forma idealizada através da cultura e da arquitetura, local ou estrangeira, representadas conforme a política instituída em cada um dos ambientes estudados.   
            Na aldeia mulçumana de Tuyuk, o governo chinês direciona o turismo para as cavernas com desenhos sagrados desenhados por budistas há mais de mil anos. Ali, o envolvimento da comunidade local com as atrações oficiais é mínimo. Na aldeia de Quingkou, o governo paga para que a minoria étnica Ha Ni não modifique a arquitetura pitoresca. A valorização das diversas minorias étnicas pelo governo inclui apenas os interesses voltados para o turismo, com ações que sufocam as diferenças culturais entre os grupos e impõem a modernidade no cotidiano das comunidades. Em Guizhou, as jovens de etnia Miao protagonizam os espetáculos como “guardiãs das tradições”, enquanto que totens religiosos recentemente esculpidos integram as atrações turísticas da aldeia Bu Yi, embora a sua religião animista tenha sido abrandada. No parque temático de Kunming, as diferentes minorias espalhadas pelo interior de Yunnan executam performances em conjunto, propagando um discurso estatal oficial de “união multiétnica para a prosperidade da nação”. No parque de Shenzen, as atrações também incluem uma “nação multiétnica imaginária”, além de “transportar” o público para países estrangeiros através das performances encenadas pelos locais.
            No Japão, as aldeias turísticas de Hokkaido comercializam artefatos transformados e/ou criados especialmente para os visitantes. Os parques e aldeias que recriam o ocidente realizam a fantasia de ser estrangeiro ou estar no estrangeiro, além de servirem de modelo para o planejamento sustentável na tentativa de superar as tradições copiadas.
            Em geral, nos casos analisados, as atrações turísticas promovem os interesses governamentais em detrimento dos valores socioculturais envolvidos, fato que nos leva a concluir que as políticas culturais determinam a intensidade/qualidade da experiência vivenciada através do turismo.


PS 1:
Não?!
       Pois não!
                 Não vou chorar!
                                  Não, vou chorar!


PS 2: Ah, se tu soubesses...
BJUZZZ



quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Cuidado: estou me transformando em loba! Au, au, auuuuuuuuuu!!!


PRESA

Pra quê a pressa?
A espera também pode pressionar aquele que espera!
Estou esperando para sentir a sua pressão...
Pressão, meu bem!
Bem-me-quer? Então me queima!
Presa estou na sua teia.
Presa em sua teia sou sua presa!
Me cozinhe em banho-maria, coloque algumas folhas de louro, para dar sorte, e mais uma pitada de tempero.
Tempere com sal grosso, para tirar o mau-olhado!
Com tudo, contudo, tenha cuidado!  Não se esqueça da pressão!
Pressione, friccione, me aperte e venha me dar um cheiro!
Agora, cheire o dedo! Perceba como é agradável o aroma de um longo e saboroso "dedo de moça"...
Capricha! Eu adooooro uma pimenta, meu rei! 
Presa, não se esqueça: o dia, claro, é da caça... e a noite clara é do caçador!

Bjuxxx





PS1:  o Zion tem preferido a gata da vizinha.
PS 2: Da da da... gu gu da da!